quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Usina Hidrelétrica de Salto Grande: Grande Obra; Grande Progresso

A Usina Hidrelétrica de Salto Grande, hoje também com o nome de Usina Governador Lucas Nogueira Garcez, foi construída no barramento do Rio Paranapanema e de seus afluentes, rio Novo e o Ribeirão dos Bugres. A autorização para construção da Usina ocorreu em 1949 e veio diretamente do governador do estado de São Paulo, na época Adhemar de Barros. Para garantir e ampliar o fornecimento de energia elétrica para a região do Paranapanema, o governo modificou o projeto, definindo a construção de uma usina maior.

Prefeito Walter Ribeiro Homem e comitiva com o governador Lucas Nogueira Garcez visitando as obras da Usina.
Para isso foi necessário financiamento internacional, pois todos os equipamentos mecânicos e elétricos foram importados da França e dos Estados Unidos. As obras civis de Salto Grande começaram em 1951 e a inauguração ocorreu em 28 de abril de 1958, com a presença do então presidente da república, Juscelino Kubitschek, e do governador do estado de São Paulo, Jânio Quadros. Mas a usina somente começou a operar com carga máxima em abril de 1960, quando o último grupo gerador entrou em operação. Com isso, a potência instalada da usina passou a ser de 68 MW.

Montagem das turbinas em 1957.
Contudo, para que a usina fosse construída em Salto Grande, uma vasta área teve de ser sacrificada em nome do progresso. Lugares pitorescos da região, como cascatas, cachoeiras, a ponte do Canal do Inferno, o Castelo Branco, a antiga ponte pênsil e varias outras belezas da cidade, foram cobertos pelas águas. Porém, a usina foi a chave, o grande passo, para o progresso do município e de toda a região, pois, além da oferta de energia acelerar o desenvolvimento industrial e a eletrificação de atividades rurais, foi a primeira usina hidrelétrica planejada e executada com recursos nacionais em São Paulo. A obra foi tão imponente que foi necessário a construção de uma vila residencial para abrigar os operários e suas famílias durante a construção.

Foto da construção da barragem da usina.

Construção do vertedouro, comparando o tamanho dos operários à grande construção.
Com a construção da usina, a estrada de ferro teve de ser desviada, pois as água atingiam os trilho. Salto Grande representou um marco significativo na história do desenvolvimento paulista e brasileiro, produzindo Know-how, além de energia elétrica. Com a chegada da usina, além de levar energia elétrica à população do campo e da cidade, hoje o turismo é um grande incentivo para o seu desenvolvimento, pois a Usina é um dos principais atrativos turísticos da cidade e fonte de recursos econômicos do município.

Presidente Juscelino Kubitschek e, à direita, o governador Jânio Quadros na inauguração.
Uma curiosidade é que até a construção de Salto Grande, todas as usinas tinham seus equipamentos pintados de cores neutras, normalmente cinza ou verde oliva. Foi ideia do arquiteto da Uselpa, Hélio Pasta mudar a cor dos equipamentos, que declarou:
“Logo de início, decidindo como pintar a casa de força, raciocinei que dentro de uma usina, o que há de mais importante são os equipamentos que geram energia, e resolvi pintar os equipamentos com uma cor forte e deixar o resto com uma cor mais abatida. Foi uma luta conseguir convencer que o gerador devia ser pintado de vermelho. Chegavam para mim e diziam. “Máquinas são cinzas ou verde oliva. Vá a Cubatão [onde havia a maior hidrelétrica de São Paulo até então] e olha lá: é verde oliva”.

Vila Residencial

Na margem paulista do rio Paranapanema, ao lado do reservatório, foi construída a vila residencial da Usina, que abrigava as famílias dos funcionários responsáveis pela operação e manutenção da usina, com vida social organizada na própria sede. Eram 32 residências, capela e um clube recreativo ao centro de um parque ajardinado. Posteriormente a vila foi desocupada e transformada no Hotel Pousada Salto Grande.

Vila Residencial.


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Por que Temos Nossa Senhora do Patrocínio Como Padroeira?

Dois fatores podem ter exercido influência para se invocar a proteção de Nossa Senhora do Patrocínio como padroeira de Salto Grande: o primeiro, segundo consta, Frei Pacífico de Monte Falco, trazido da Itália em 1843, para catequizar os índios da região, era muito devoto a Nossa Senhora, e, ao chegar ao local, teria invocado o patrocínio da santa, da qual era devoto, para a nova paróquia.

Foto da 1° Procissão de Barcos em homenagem à padroeira do município.
O segundo, e mais conhecido pelos devotos da santa, diz que bem antes da água ser represada com a construção da Usina de Salto Grande, inaugurada em 1958, a região era muito utilizada para a caça de animais e, durante uma dessas, três caçadores encontraram, em uma gruta (localizada na futura ilha de Salto Grande) uma estátua de Nossa Senhora e um deles, chamado Patrocínio, a levou para sua casa. Ao amanhecer ele percebeu que a imagem da santa não estava mais onde a deixou, então resolveu voltar à gruta onde a tinha achado para procura-la e lá estava ela, intacta, bem como a tinha achado. Retornou para sua casa com ela, rezou muito e fez uma promessa: que se ela não voltasse mais para a gruta, seria erguida uma linda capela, com a frente em direção à gruta onde a encontrou e que nela seria rezada uma missa em sua homenagem. Portanto, ele e dona Antônia Batista Moreira (doadora de terras para a formação do município), realizaram esta promessa. Então, Antônia Batista decidiu rezar a missa à N. Sra. do Patrocínio por causa de Patrocínio, o caçador que encontrou a santa.

Foto da igreja, de frente para a gruta, conforme a promessa.
Segundo registros, a primeira missa celebrada numa pequena capela erigida em homenagem a Nossa Senhora do Patrocínio, em Salto Grande, deu-se no ano de 1891. Esta capela, mais tarde, se tornaria a Igreja Matriz de Salto Grande, chamada Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, que, como na promessa, possui sua porta de entrada voltada em direção à gruta em que foi encontrada, hoje para a represa. Sua comemoração ocorre no dia 15 de setembro, com diversas comemorações em sua homenagem.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Rio Paranapanema: Onde Tudo Começa

O rio Paranapanema foi o ponto de partida para o surgimento de vários municípios paulistas, inclusive Salto Grande, e continua sendo muito importante para o desenvolvimento, não só desta região, mas de todo o Brasil, pois nele se concentram várias hidrelétricas que abastecem grandes cidades, como São Paulo.

Origem do Nome

Também chamado, antigamente, de "Paranapane" ou "Paraná Pane", o nome Paranapanema é a junção de "Paraná", que em tupi significa "rio", e "Panema", que significa "imprestável" ou ainda "sem valor". Talvez os índios tivessem dado essa nomenclatura pelo fato da pouca navegabilidade (por conter, em grande parte, grande correnteza) ou escassez de peixes (possivelmente, por causa do difícil acesso dos peixes a partes mais altas do rio) , grande fonte de alimento dos antigos indígenas.
Rio Paranapanema.

História

O traçado do rio Paranapanema já aparece em um mapa do Brasil datado de 1574. Historicamente, por volta de 1630, os bandeirantes paulistas desbravaram as terras localizadas na região do rio, principalmente para a caça de índios. As tribos dos Caingangues, Tupinambás e Guaranis foram sendo, infelizmente, dizimada aos poucos pelos colonizadores, por sua violência ou por doenças, como a malária.

Durante os séculos XVI e XVII foi utilizada, para exploração e colonização, uma rede de caminhos primitivos, trilhada pelos índios Guaranis, servindo de guia para os europeus. A partir da metade do século XVIII, surgiu um movimento chamado tropeirismo, que formalizou uma rota que seria usada nos 200 anos seguintes, povoando várias cidades. Somente no início do século XVIII é que começou a exploração do ouro na região, que foi até meados do século XIX.

Uma das cachoeiras do rio, chamada de "Salto Grande", originando o nome do município.
Com vista à expansão da lavoura de café, por volta de 1886, iniciou-se uma expedição na região, chefiada pelo engenheiro Teodoro Sampaio e organizada pela Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo, que se intensificou até o início do século XX. A expedição tinha como objetivo pesquisar e estudar, entre outras coisas, as condições de navegação do rio. Foi nesta expedição que teve a origem de vez do povoado de Salto Grande, mas isso veremos depois. A construção da Estrada de Ferro Sorocabana, constituída em 1871, cruzou o Paranapanema em 1908, promovendo grande progresso, melhorando a qualidade de vida da região.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Antes do Começo

Os primeiros habitantes da região de Salto Grande foram os índios das tribos Caiuás, Guaranis e Xavantes, que habitavam as vertentes do rio Paranapanema. Viviam às margens do caudaloso e lendário rio, onde o Estado de são Paulo se divide com o Estado do Paraná. As margens do rio eram revestidas de espessa mata, ainda virgem, com soberbas e frondosas perobas, em cujas copas altaneiras se destacavam as maritacas tagarelando e as arapongas, com o seu martelar, que podia ser ouvido a distância.

Quando a tarde caía, as andorinhas, às centenas, faziam revoadas e com seus vôos rasantes iam banhar seus peitos brancos nas águas correntes do rio. Velhos ipês, roxos e amarelos, que, ao soprar da brisa, suas flores amadurecidas caíam e se espalhavam pelas margens do rio e se misturavam à paisagem, coloriam vasta extensão, completando a paisagem com extrema beleza e perfeição. Ali esses indígenas comungavam perfeitamente com esse cenário, vivendo em extrema harmonia com a natureza.


Índios Guaranis, uma das tribos que habitavam na região.